Lesões raramente são patognomonicas, é importante fazer sempre complementares.
Octodectes cynotis
- Otopatia comum, muito contagiosa (+ gatos, cão, + jovens mas todas as idades).
- Prurido intenso, descamação acastanhada (otite ceruminosa).
- Dermatite alergica na face, pescoço, orelha e anûs. Caracteristica da cabeça. Suspeita quando à prurido perto de pavilhões auriculares, deve-se realizar otoscopia e estudo microscopico da secreção (zaragatoa ou raspagem). Há portadores assintomaticos.
- Dermatite miliar felina em gatos: pontos pretos.
- Lesões de dermatite piotraumatica alergica por picada, na área da orelha.
- Acaro adulto acasala com ninfa (“pedofilo”).
- Diagnóstico: observação de secreções do ouvido ao microscopio.
Sarna Sarcoptica (Sarcoptes scabiei vars canis)
- Altamente contagiosa (contacto, ambiente), não sazonal, frequente em animais mal cuidados.
- Acaro escava tuneis na parte superficial da epiderme.
- Quadro clinico variavel: papulas eritematosas no abdomen (caracteristico, ao raspar encontra acaro), dermatite intensamente eritematosa, crostas hemorragicas grossas, hiperqueratose e hiperpigmentação (reacções de hipersensibilidade), piodermite secundaria. Sinal principal é o prurido intenso e alopecia (coça na consulta).
- Descamação, erupções papulares, crostas e alopecia nos cotovelos, margem das orelhas, jarretes, patas, tórax e abdomen ventral.
- Áreas: locais frios como cotovelos (patas), bordo da orelha, barriga (região ventral) - “sarna vermelha”.
- Existem animais com prurido leve, portadores assintomaticos (hipersensibilidade de pouca intensidade).
- Humanos: lugares quente (barriga, pernas, genitais). Bebés, baixa condição social.
- Tratamento: trata-se sempre que há suspeita porque causam lesões.
- Banhos antibacterianos (remover crostas, tratar pioderma), tratamento para sarna cada 21 dias (ciclo do parasita; Ivermectina, Amitraz, Lindano), prednisolona após diagnostico definitivo (controlo do prurido). Controlo do ambiente. Tosquia.
Notoedres cati
- Semelhante à sarna sarcoptica, ocorre em gatos jovens ou debilitados.
- Lesões crostosas (crostas aderentes e densas) que afectam a cabeça e podem generalizar-se (anûs). Iniciam-se na orelha. Prurido intenso.
- Papulas superficiais pruririas que evoluem para enrugamento e crostas amarelas densas e altamente aderentes. Inicio nas orelhas com progressão para face, palpebras, pescoço, patas e perineo.
- Diagnóstico: raspagem superficial.
- Tratamento: tosquia sob sedação, banho queratolitico ou anti-seborreico (sulfureto de enxofre 10 a 20 dias), ivermectina, tratar ambiente e todos os gatos.
Cheyletiella spp
- Dificil de encontrar, muito contagiosa, mais em jovens (severa de 2 a 8 semanas).
- Acaro vive na superficie da epiderme e induz descamação difusa moderademente oleosa, podendo originar prurido ou não, e atinge o dorso principalmente. Os ovos observam-se aderentes ao pelo. Nos gatos pode originar dermatite miliar ou alopecia auto-induzida. “Caspa ambulante”
- Cães: C. yosguri. Gatos: C. blakei. Ocorre com frequencia em cachorros provenientes de criações. Há portadores assintomáticos.
- Homem: dermatite macular eritematosa, autolimitante (3 semanas) com prurido. DD. sarna sarcoptica.
- Diagnóstico: piora com champô, pento fino permite ver escamas. Fita adesiva. tricografia (ovos),
- Tratamento: pente fino, mesmo sem encontrar acaro dá-se ivermectina SC a cada 15 dias por 3 a 4 vezes, pulicida spot on, tratar animais expostos e ambiente.
Tratamento | Agentes |
---|---|
Pipetas de selamectina ou moxidectina 3 a 4x com 2 a 4 semanas de intervalo. | Sarna sarcoptica, notoedrica, otodectica, Cheyletiella. |
Cachorros <45 dias: Frontline Spray (fipronil) cada 3 semanas ou em esponja cada semana. | Sarna sarcoptica, Cheyletiella. |
Banho de sulfuro de cal semanal. | Sarna sarcoptica, notoedrica, Cheyletiella. |
Ivermectina PO semanal ou SC quinzenal por 4 a 8 semanas. | Prevenção em canis. |
Tratar ambiente e todos os animais com insecticidas (piretrinas-piretroides). | Evitar recaidas. |
Picada de Mosca
- Bordo das orelhas ou corpo. Se crónico na orelha, fazer biopsia pois pode haver problema imunomediado.
- DD. foliculite bacteriana
Miases
- Larvas de mosca que se alimentam de tecidos. Obrigatorias ou oportunistas (+).
- Nos ouvidos ou feridas pequenas. No caso das feridas nos ouvidos é muito doloroso (colocar açaime). Em velhos, doentes ou mal cuidados.
- Musca, Calliphora, Phaenicia, Lucilia, Phomia, Sarcophaga.
- Tratamento:
- Tosquia, limpeza com solução alcalina e antisseptico, remoção de larvas com pinças, ivermectina SC ou insecticidas locais (piretroides, piretrinas).
Piolhos (pediculose)
- Infrequente, especificos do hospedeiro (cão: Trichodectes, Heterodoxus, Linognathus; gato: Felicola). Sobrevive pouco tempo fora do hospedeiro, os ovos (lendias) estão aderidos ao pelo.
- Contagio por contacto directo ou utensilios. Quadro clinico variavel de portador assintomatico, prurido, lesões secundarias, anemia. Pode originar dermatite miliar felina.
- Diagnóstico: observação do piolho ou lendia no tricograma ou fita adesiva.
- Tratamento: insecticidas (fipronil, banhos de piretrinas, pipetas avermectinas, milbemicinas, amitraz), tratar todos os animais e meio.
Pulgas (pulicose)
- Pulicose: afecção de todo o animal, automutila-se.
- Pulgas do gato Ctenocephalides felis. Nem todo o ciclo se faz sobre o animal (duração de 3 a 4 semanas, favoravel clima quente e humido) e ha contaminação massiva do ambiente (1% adultos).
- Transmissão de Dipylidium caninum.
- Quadro clinico:
- Cão: prurido na área lombosagrada (cauda, face, membros, abdomen, inguinal) podendo generalizar, há automutilização e complicaçãoes.
- Gato: prurido lombosagrado (pescoço), podendo originar dermatite miliar ou alopecia auto-inflingida.
- DAPP (dermatite alergica à picada de pulga): hipersensibilidade à picada, alopecia na zona lombosagrada. Evitar contacto com pulgas. Cuidado ao confundir fezes de pulga com fragmentos de crostas.
- Diagnostico: historia, sinais clinicos, lesões de prurido patognomonica, procura de pulga.
- Tratamento:
- Adulticidas: pode ser vantajoso em sinais intenso aplicar um adulticida de rapido efeito (nitempiram, banho), e depois evitar reinfestações com produtos de larga duração a cada 4 semanas (fipronil, imidacloprid, metaflumizona, piretrina-piretroides, piriprol, selamectina).
- Larvicidas: regulador do crescimento (metopreno) e inibidor do desenvolvimento (lufenuron, diflubenzuron) para controlo a longo prazo para o ambiente ou animal. Selamectian e imidacloprid parecem afectar formas pre-adultas.
- Ambiente: tratar todos os animais por 2 a 4 meses, eliminar larvas aspirando e lavando, adulticidas e inibidores do crescimento.
Sarna Demodecica (Demodex)
- Reside no foliculo piloso (alopecia de arrancamento facilitado) e ocorre por multiplicação excessiva (parte da flora cutanea, não contagiosa).
- Cão: D. canis, D. corni, D. injai. Gato: D. cati, D. gatoi.
- 4 fases: ovos fusiformes, larvas (6 patas), ninfas (8 patas em desenvolvimento), adultos (8 patas desenvolvidas).
- Quadro clinico:
- Extensão
- Localizada: < 6 lesões, pode não tratar. Pequenas lesões circunscritas, alopecia, descamação, eritema, prurido principalmente na cabeça. Tratamento tópico com amitraz.
- Generalizada: pododermatite (> 1 mês), afecta região corporal completa (⅓ do animal), vários locais (>4), extensão, não curou em 6 meses. Numeras alopecias circunscritas ou difusa, variações de eritema, hiperpigmentação, descamação, foliculite e furunculose, comedões, infecção bacteriana secundaria (prurido e lesões 2ª).
- Pododermatite interdigital.
- Complicada: por piodermas bacterianas, tratar.
- Juvenil (+ 3 a 8 meses)
- Demodicose juvenil localizada: por depressão da imunidade, autolimitante (6 a 8 semanas), pode evoluir para generalizada.
- Demodicose generalizada juvenil: < 1 ano, recorrente por componente genetico que afecta imunidade (não reproduzir).
- Adulta
- Demodicose generalizada: > 5 anos com imunossupressão (tumores, cio, endocrinopatias como hipotiroidismo e hipiadrenocorticismo, corticoides). Adultos com genetica.
- Outras
- D. injai: seborreia gordurosa dorsal.
- D. cornei: seborreia seca dorsal e prurido moderado.
- D. cati: patologia sistemica imunossupressora subjacente; alopecia, eritema e crostas da cabeça e pescoço.
- D. gatoi: pruriginoso com alopecia secundaria, potencialmente contagioso (vários animais).
- Diagnóstico:
- Raspagem profunda, arrancamento de 40 pelos e observação ao microscopio (tricografia), expremer a pele e passar cinta adesiva, raspagem superficial.
- Contabilizar acaro mortos e formas juvenis. Com tratamento devem aumentar mortes e diminui jovens.
- Shar Pei é predisposto por ter estrato mucoide espesso, realiza-se biopsia.
- Em gatos fazer várias raspagens, em D. gatoi realizar em zonas não afectadas ou diagnostico terapeutico.
- Tratamento
- Glucocorticoides contraindicados.
- Demodicose localizada juvenil: autolimitante, não requer tratamnento, pode aplicar-se gel de peroxido de benzoilo a 2,5% ou pomadas de mupirocina se há foliculite. Controlo em 15 a 30 dias com raspagem e avaliação das formas.
- Demodicose generalizada: dificil de curar, recidiva, suspender tratamento após 2 raspagens negativas com 1 mês de intervalo (ou após 6 meses).
- Hereditaria: não reproduzir, castrar femeas (recidiva no cio).
- Amitraz: banhos semanais ou pulvurização e deixar secar, como é muito toxico e trabalhoso pode-se banhar metade do cão por dia e alternar (toxicidade: convulsão). Pipetas de amitraz (toxicidade: reacção tipo penfigo). Amitraz em parafina local de aplicação diária na pododermatite demodecica.
- Avermectinas: Ivermectina PO uma vez ao dia incrementando a dose progressivamente. Não autorizado pela FDA para cães, pode provocar intoxicação sem tratamento (midriase, morte).
- Milbemicinas: milbemicina, moxidectina. Pipeta de moxidectina mensal mas com baixa eficacia (aplicar semanal).
- Em ambas deve ser negativo à filaria e não se aconselha em Collie e Shetland por sensibilidade a farmacos.
- Tratar pioderma: antissepticos (peroxido de benzoilo) para limpar o foliculo (irritante, pode originar seborreia seca). Antibioticos não alteram progressão.
- Controlo mensal por raspagem.
- Outras:
- D. gatoi: banhos de sulfuro de cal sem enxaguamento a todos os gatos.
- D. cati: identico a D. gatoi, doramectina SC semanal.
Outras parasitoses
Neotrumbicula automnalis (trumbicolose)
- Sazonal (outono), vegetação.
- Larva alimenta-se de sangue, ninfa e adulto de plantas e insectos.
- Prurido intenso, eritma, automutilação com lesões 2ª. Cabeça e pés.
- Observação directa da larva (ponto laranja).
- Evitar saida ao campo. Aerosol de fipronil ou pireterinas-piretroides, selemectina.
Straelensia cynotis
- Final do verão e inicio de outono, campo.
- Dermatite papulosa-nodular não pruriginosa por invasão do foliculo (alopecia). Área dorsal (tronco e cabeça).
- Observação da larva na anatomopatologia.
- Ivermectina SC quinzenal, tratamento sintomatico.
Carraças
- Não especificos do hospedeiro. Duras (Ixodidos) e moles (argasideos). Rhipicephalus sanguineus, Ixodes ricinus, Dermacentor reticulatus. Larvas, ninfa e adulto alimentam-se de sangue.
- Vectores de: ehrlichiose, babesiose, berreliose de Lyme.
- Prevenção: coleira insecticida, fipronil, piretrinas-piretroides, pipetas de avermectina, milbemicina, amitraz.
- Tratamento: fipronil ou outro em banho ou pulverização, tratar ambiente com organoclorados.
Larvas migratórias de nematodos
- Dermatite por Ancylostoma: reacção de hipersensibilidade cutanea por penetração e migração cutanea, hiperqueratose das almofadas plantares e artrite interfalangica. Tratamento antihelmintico de todos os animais e limpeza do ambiente.
- Pelodera stroingyloides: autolimitante (tratamento sintomatico com corticos e antibiotico), evitar ambiente. Raspagem e estudo natomopatologico.
- Outros: Uncinaria stenocephala, Dirofilaria immitis.
- Dermatite papulosa eritematosa, prurido variavel, alopecia, eritema, hiperqueratose e cornificação, papulas e nodulos.
Leishmania canina
- Transmitido por moscas Phlebotomus. Patogenia: inflamação granulomatosa, deposito de imunocomplexos.
- < 3 e > 8 anos.
- Dermatopatia e linfadenopatia.
- Analitica: hiperglobulinema, hipoalbuminemia, anemia não regeneratica (aumento de ureia, creatinina, enzimas hepaticas).
- Urina: proteinuria e cilindros hialinos.
- Punção de medular ou citologia de linfonodos com amastigotas (activa ou não).
- Biopsia de lesões com amastigotas (activa).
- Anemia com amastigotas na medula (activa).
- PCR de lesões, medula, sangue, linfondos.
- Serologia.
- Confirmado se positivo em citologia de lesões e serologia. Citologia negativa e serologia positiva são desempatadas por PCR.
- Evitar saida dos animais na hora de actividade da mosca (crepusculo e manhã), reduzir microhabitats, mosquiteiros e insecticidas, piretroides topicos e coleira (evita picada), vacina.
- Tratamento
- Antimoniato de meglumina (SC, sid, 4 a 8 semanas) ou Miltefosina (PO, sid, 28 dias) com Alopurinol (PO, bid, 6 a 12 meses). Domperidona (PO, sid, 1 mês) modula imunidade, usado como preventivo cada 4 meses.
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