Ureia no Leite
- Indicador da resposta dos animais ao maneio.
- A nutrição azotada é importante para a nutrição, reprodução, custos e ambiente.
- Teste de fácil determinação e implementação, resultados consistentes.
- Vantagens: aplicação ao nivel da exploração, facilmente obtido, não causa stress aos animais, importante no fabrico do queijo.
- A [ureia] no leite e no plasma são proporcionais.
- A [amoniaco] no rúmen influencia a [ureia] no leite, os picos são desfasados devido ao tempo de absorção, depois diminui ao ser utilizado pelos microrganismos e transformado em ureia.
- Valores diferentes entre a [ureia] no leite e no sangue podem ser resultado do tratamento prévio da amostra, método analitico (interferencia de reagentes), recolha (diferente na ordenha da manhã e tarde e no inicio e final da mesma ordenha, horario das refeições).
Factores que influenciam a concentração de ureia no leite
Recolha da amostraA [ureia] no leite é mais baixa na ordenha da manhã porque é feita em jejum e há diluição devido à maior produção de leite. [ureia] no leite da ordenha da manhã e da tarde estão altamente correlacionados. Não há consenso se a recolha da amostra deve ser de ordenhas individuais, amostras compostas ou do tanque.
Raça
Diferentes ordens de grandeza e diferenças entre tratamentos são proporcionais. Holstein tem [ureia] elevada, Jersey baixa.
Peso vivo
A [ureia] no leite é inferior em animais maiores por diluição (têm mais sangue) e maior taxa de desaparecimento renal.
Produção de Leite
Resultados contraditório. Se o aumento da produção de leite resultar do aumento de proteina bruta na dieta há aumento na [ureia] no leite. Se o aumento da produção não resultar do aumento da proteina bruta na dieta diminui a [ureia] no leite por diluição.
Dias de lactação
[ureia] segue a curva de lactação. Para niveis de produção mais elevado a [ureia] no leite é maior (dietas com mais teor proteico). Animais mais produtivos têm [ureia] no leite maior.
Número de lactações
Animais primiparos têm menor [ureia] no leite porque ainda estão em crescimento (utilizam os aminoacidos com maior eficiencia). Maior número de lactações resulta em maior [ureia] no leite.
Teor em Gordura e Proteina
Relação negativa. Não tem significado.
Proteina na Dieta
Maior teor em proteina na dieta resulta em maior [ureia] no leite. Para baixar a [ureia] temos que reduzir a proteina degradável e DUP (desaminação no figado, origina ureia) na dieta. Se o DUP e aminoacidos estiverem equilibrados, há maior eficiencia na utilização de proteina, logo menor teor em ureia.
Energia na dieta
Baixo valor energético reduz o teor em proteina no leite e a produção de leite, e aumenta a [ureia] visto que os aminoacidos são utilizados como fonte de energia. Se aumentarmos a taxa de fermentação no rúmen dos hidratos de carbono, diminuimos a [ureia]. Há aumento da [ureia] sempre que há excesso de proteina, defice de energia, excesso de energia fermentável.
Consideração Final
A interpretação e utilização da informação depende de vários factores. Analizamos por conjugar o teor de proteina no leite com a [ureia] no leite.TP | <3% | <3% | <3% | >3,2% | >3,2% | >3,2% |
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[ureia] | Baixa | Óptima | Alta | Baixa | Óptima | Alta |
<12mg/dl défice P e QDP/SDP. | 11-17mg/dl Défice P, CHO e AA. | >18mg/dl Excesso P e QDP/SDP, défice CHO, desiquilibro de AA. | <12mg/dl AA adequados, défice QDP/SDP, excesso CHO. | 11-17mg/dl AA e CHO equilibrados. | >18mg/dl Excesso QDP/SDP, défice CHO. |
Novos paradigmas da alimentação da vaca leiteira: eficiência e ambiente
- Poluição do ar: emissão de gases com efeito de estufa (metano).
- Poluição da água: excressão de ureia na urina e fezes (nitratos).
- Objectivo: aumentar a eficiencia na utilização de nutriente, poluir menos.
- Últimos anos: aumento da produção de leite, aumento da ingestão voluntária, aumento das necessidades superior ao aumento da ingestão voluntária - dietas com elevada densidade energética.
- Fontes energéticas e proteicas importadas: implicações na eficiencia económica, aumento da eficiencia na utilização de nutrientes.
- Estratégias de alimentação que permitam aumentar a eficiencia de conversão de azoto da dieta em azoto do leite. Portugal: concentrado. Açores: pastoreio + concentrado.
- Animais estabulados (produções mais elevadas) têm maior ingestão voluntária (factor limitador no pastoreio) e menos necessidades para actividade voluntária.
- O teor em proteina da dieta de animais estabulados é inferior. Em pastoreio ingerem erva jovem, com maior teor em proteina.
- Não há uma relação clara entre teor da proteina na dieta e produção de leite. Há espaço para fazer dietas com menor teor em proteina bruta (menos custos, menos poluição, mais eficiencia) que maximizem a produção de leite.
- Eficiencia de conversão de azoto na dieta em azoto no leite (%N ingerido excretado no leite)
- A eficiencia não é elevada mas podemos triplicá-la. Animais estabulados têm eficiencias de conversão maiores. Teores em proteina na dieta mais baixos têm maiores eficiencias de conversão (menor custo, menos poluição). Obter uma eficiência superior a 40% é muito dificil, os processos biológicos são ineficientes.
Monitorização da composição quimica dos alimentos
- Diferenças no formulado com o valor real do lote de matéria-prima. Normalmente estima-se para teores inferiores para não haver quebra na produção. Devemos evitar teores muito elevados de proteina bruta na dieta.
Sincronização do azoto e energia no rúmen
- Devem chegar em simultâneo. Fornecer alimento completo ou fraccionar o concentrado ao longo do dia. Maior efeito em dietas com baixo teor em azoto. Importante equilibrar o fornecimento de energia fermentável e ERDP.
Aumentar a incorporação de amido
- Fonte de glucose. Evita a desaminação de aminoacidos para a produção de energia.
Composição de aminoácidos da proteina metabolizável
- Teor em proteína do leite é sensível a variações na composição em aminoácidos da proteína não degradável no rúmen. Fornecer aminoácidos limitantes protegidos (lisina, metionina).
Pastoreio
Os Açores são responsáveis por ⅓ da produção de leite nacional.Factores limitantes
- Em pastoreio, há maior necessidade (movimento) e menor ingestão, logo a produção é inferior à de animais estabulados.
- Elevado teor de azoto degradável em relação aos hidratos de carbono não estruturais da erva jovem (baixo valor energético, ocorre desaminação). Consociação de gramineas leguminosas mais resistentes ao pisoteio (ex. trevo violeta) é favoravel. A eficiencia de conversão do azoto da dieta em azoto do leite é menor (maior teor em proteina na dieta). Reduzida ingestão voluntária.
- As vacas colhem o alimento, não há gastos com silagem.
- Biotipo: no continente evoluiu para elevado mérito genético para diluir os custos fixos. Nos Açores demorou mais tempo a ocorrer a Holsteinização. Esta leva a alterações como necessidade de fornecer alimento concentrado (tem um preço mais baixo por ser zona ultraperiferica), tendencia para instalar salas de ordenha fixas (a meio da pastagem, melhora a qualidade do leite), utilização de alimentos conservados e complementares (consomem mais do que a exploração produz, aumenta a produção e o custo). No entanto torna o sistema mais dependente do exterior. Pode ser mais benéfico utilizar animais com maior eficiencia a usar pastagem.
- A pastagem é dinâmica (o valor nutritivo varia ao longo do ano), logo há variação da resposta produtiva. A energia é o factor limitante, portanto quanto maior a suplementação maior a produção. Suplementação energética com grãos de cereais a um nível que torne mais eficiente a utilizar o azoto e que seja favorável na produção (aumenta os custos). O grão deve ser escolhido segunto a taxa de degradação no rúmen (mais resistente vai fornecer mais glucose ao animal). Diferentes suplementos dão diferentes respostas (ex. milho aumenta mais a produção que a cevada porque tem mais amido).
- Custo do suplemento vs valor do leite. Actualmente os concentrados são caros e o leite barato, a Holsteinização pode não ser favorável.
- Superior no milho (amido - glucose - lactose). Mais eficiente produz menos poluição azotada.
- “Buffering feed” - fornecer num periodo de tempo forragem conservada para além da pastagem. Utilizado em periodos de menor disponibilidade de pastagem e em animais com maior mérito genético.
- Fonte de DUP, enquanto a pastagem é fonte de ERDP. O excesso de produção de erva na Primavera pode ser convertido em silagem de erva (alto teor em NNP). A suplementação com proteina verdadeira estimula alguns microrganismos que necessitam de aminoácidos. No entanto deve-se fornecer silagem de erva com concentrado, porque durante a ensilagem há degradação de proteinas (em compostos azotados). A proteina metabolizável pode estar a limitar a produção, a suplementação proteica de animais em pastoreio é comum. Nos Açores, a silagem de milho é produzida em terras baixas perto do mar, não necessitando de irrigação (menos custo) e pode ser fornecida em vez de concentrado.
- Por análise da composição do gás reticulo-ruminal pode avaliar-se a quantidade de sulfito de hidrogénio (H2S), resultante da degradação por microrganismos de aminoácidos sulfurados (cisteina, metionina), como via de eliminação de excesso de hidrogénio.Este gás pode atingir niveis tóxicos e deprimir a ingestão voluntaria. Devemos pensar na degradabilidade individual de cada aminoácido (a cisteina é mais degradável que a metionina). Há uma fraca relação entre a produção de H2S e a degradação de proteinas. O H2S resulta da fracção azotada sóluvel degradada a taxa elevada (muito QDP disponivel para os microrganismos). Por exemplo, o corn gluten feed tem menos proteina que outras dietas mas tem elevado pico de H2S. Devemos ter em consideração que lotes diferentes da mesma matéria-prima pode produzir diferentes valores de H2S. Uma combinação de azevem (produz muito H2S) com trevo branco é benéfica, resultando em maior ingestão voluntária porque o cianeto de hidrogénio presente no trevo combina com o H2S originando tiocianato (factor antinutricional passa a ser benéfico).
Conclusão
- É necessário reduzir o impacto negativo no ambiente através do aumento da eficiência de conversão de azoto ingerido em azoto do leite (menor excreção), mesmo que seja necessário aceitar que a máxima produção de leite não seja alcançada.
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