A vaca leiteira no periodo seco
- É a primeira fase da lactação seguinte.
- Era habitual desprezar-se novilhas e vacas secas por não estarem a produzir.
- É importante porque é um periodo de intensa actividade metabolica:
- O feto está a crescer (as necessidades aumentam no último ⅓ da gestação).
- A glândula mamária regride e desenvolve-se.
- As novilhas são inseminadas aos 15 meses e têm o primeiro parto aos 2 anos, completando o crescimento durante a lactação. Portanto têm necessidades de manutenção, lactação, gestação e crescimento. Com o aumento da produção de leite, não conseguem completar o crescimento durante a primeira lactação devido à elevada persistência, completando-o durante o primeiro periodo seco.
- O maneio influencia a lactação seguinte:
- Reposição ou perda de reservas caso a condição corporal não seja ideal.
- Maximizar a ingestão voluntária pós-parto.
- Regressão e desenvolvimento do reticulo-rumen para se adaptar a dietas de elevada densidade energética.
- Reduzir problemas digestivos e metabólicos no pós-parto, pois quando ocorrem a produção de leite cai e nunca atinge o pico máximo, para além de que se perde o leite produzido durante o periodo de tratamento.
- Corolário: separar vacas secas de vacas em lactação.
Condição Corporal
- Vacas demasiado gordas comem menos no inicio da lactação, a condição corporal cai excessivamente e há risco de cetoses. Por outro lado necessitam de reservas para mobilizar.
- Queremos maximizar a ingestão voluntária o mais cedo possível para minimizar a perda de reservas. Vacas magras atingem o pico de ingestão mais cedo (alguns estudos sugerem que demoraram 50% do tempo de vacas gordas).
- Problemas de fertilidade.
- O objectivo à secagem é uma condição corporal de 3,25 a 3,5.
- A eficiencia de deposição de reservas é maior na fase final da lactação (75%), enquanto no periodo seco é de 60% (permite poupar alimento).
Reserva Proteica
- No inicio da lactação o balanço azotado é negativo, mobilizando reservas proteicas. Perde azoto na urina, fezes e leite.
- O aumento do teor proteico não degradável permite aumentar a deposição durante o periodo seco e a acumulação de reservas (vacas de elevado mérito genético têm muitas necessidades, os animais de baixo mérito genético depositam na fase final da lactação).
- Efeito residual do maneio: animais suplementados no periodo seco apresentaram maior teor de proteina no leite na primeira fase de lactação (nos periodos seguintes já está em balanço azotado nulo ou positivo) e produzem mais leite.
- Investe-se pouco na suplementação e ganha-se muito em produção e teor de proteina no leite.
- Previne retenções placentarias: quando o animal tem muita necessidade proteica não expele a placenta porque ao degradá-la produz aminoacidos que são absorvidos para a corrente sanguinea. A 3-metiltirina indica quando há mobilização de reservas ou reabsorção do útero.
Maximização da ingestão pós-parto
- No periodo seco devemos adaptar o rúmen para o pós-parto (alimentos mais energéticos):
- Adaptação dos microrganismos.
- Alongamento das papilas do rumen para 1,2cm (regrediram para 0,5 no periodo seco). Permitem a absorção de ácidos gordos voláteis (estes estimulam o seu desenvolvimento), aumentam a superficie de absorção e reduz a acidose no rumen por maior absorção dos acidos.
- A ingestão cai nos dias que antecedem o parto, por isso fornece-se concentrado (adaptação do rumen, evitar perda de condição de corporal).
- Aditivos: Colina (12-20 g/dia, reduz os riscos de fígado gordo, mantem a ingestão e a produção pós-parto), Biotina (20 mg/dia, reduz a incidência dos problemas podais).
- Concentrado especifico para pré-parto (2-3kg/vaca/dia):
- Fontes sólidas de proprionato (percursor da glucose, evita cetose).
- Niveis adequados de vitaminas e minerais.
- Leveduras (aumenta a digestibilidade da fibra, estabiliza o pH, favorece a digestão).
- Aglutinante de micotoxina (presentes na forragem, impede que sejam absorvidas).
- Alimentos palatáveis (aumentam a ingestão, mascaram fontes de proprionato de cálcio) como polpa de citrinos e melaço, não utilizar lotes queimados, adicionar aroma.
Recomendações Práticas
Com o correcto maneio consegue aumentar-se a produção em 200 a 700 kg.
Periodo seco: 1ª fase
Da secagem a 21 dias antes do parto. As necessidades são baixas. IV 12 kg MS.Diminuir a ingestão de fontes de amido (cereais, mandioca) para permitir a regeneração do rúmen.
Aumentar a silagem de milho (elevada palatabilidade, baixo teor em calcio e potássio, bom teor em energia, elevada apetência), mas não em ad libitum porque ganham peso.
Teor em proteina bruta de 12 a 13%.
Limitar o cálcio a 60-80 g/dia para não se habituarem a depositar e continuarem a mobilizar. Limitar a ingestão de sal e substâncias tampão para diminuir o edema do ubere.
Suplementação mineral e vitaminica (A, E). Formulação de concentrado para a quantidade ingerida (1000-1200 u.i. de vit. E em vacas secas).
Periodo seco: fase final
De 21 dias antes do parto até ao parto (15 dias eram suficientes). IV 10-11 kg MS.Manter os niveis de cálcio no sangue. Controlar o calcio e potássio na forragem (calcio deposita, potássio causa edema do ubere). Não utilizar leguminosas ricas nestes minerais. Fornecer silagem de milho ou erva.
Aumentar o concentrado, permitir a adaptação do rumen e compensar a diminuição na ingestão (evitar perda de peso e cetose).
Subir o teor de Proteina Bruta (14-15%, pelo menos 30% com o DUP). Suplementação mineral e vitaminica.
Aplicação da Dieta para Vacas secas na fase final
- Dieta tradicional mais 1kg de concentrado para vacas em lactação e aumenta-se o concentrado 1kg por semana (no final 3kg). Não é ideal, não se limita o bicarbonato de sódio (tampão presente no concentrado). Simples de implementar.
- 50% dieta (TMR) de vacas em lactação juntamente com palha (baixa densidade energética) e 2-3kg de concentrado pré-parto (aumenta as vitaminas, minerais, proteina e DUP).
Vacas Recem-paridas
- Do parto a 3 semanas pós-parto. Quando a produção de leite mais se evidencia.
- A incidencia de doenças é elevada nos primeiros dias pós-parto, estando os animais com maior número de lactações mais predispostos.
- A glândula mamária começa a produzir leite antes do parto e vai aumentando a aceleração da produção de leite até atingir um pico. A aceleração antes do parto é muito superior.
- As necessidades estão a aumentar muito rapidamente e a ingestão aumenta lentamente. Este maior desiquilibrio predispõe para problemas.
- Queremos maximizar a ingestão voluntária (febres vitulares subclinicas, cetoses).
- A dieta deve ter elevado valor energético.
- Regista-se a temperatura (metrites, infecções), movimentos do rúmen (2/min), descargas uterinas, corpos cetónicos na urina.
- Aditivos:
- Nicina (6g/dia, mantém a ingestão voluntária, reduz risco de cetose).
- Propileno de glicol (0,25-0,5kg/dia na semana antes do parto e até 2 semanas pós-parto, fonte de proprienato, mantem glicose no sangue estável, reduz os riscos de fígado gordo e cetose).
- Leveduras (palatabilidade, estabiliza o pH do rúmen, estimula a digestão de fibra, não induz edema do úbero como as substâncias tampão).
- Vitaminas (A, E, beta-caroteno).
Vacas na 1ª fase de lactação
- 14 a 100 dias pós-parto.
- Pico aos 40-60 dias.
- Está a mobilizar reservas energéticas.
- A capacidade de ingestão não é máxima.
- Deve-se fornecer uma combinação de fontes proteicas de elevada e baixa degradabilidade.
- Suplementar com aminoácidos protegidos (lisina, metionina).
- Não ultrapassar 6% de gordura (diminui a actividade dos microrganismos).
- Aumenta-se o concentrado com o aumento da produção (0,5kg/dia).
- Utiliza-se forragem de melhor qualidade (maior valor nutritivo).
Fase descendente de lactação
- Diminuição da produção de leite.
- Se a produção cai muito é porque há um problema nutricional.
- Deve-se explorar a capacidade de ingestão, máximizar a ingestão de forragem.
- Remove-se aditivos. Diminui-se a quantidade de proteína e gordura bypass.
- Procurar uma condição corporal a 3,25-3,50 na secagem.
- Alimentar mais ou menos depende do potencial genético do animal.
- O nível nutricional depende do nível de produção de leite.
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