Cria e recria de fêmeas leiteiras
Alguns produtores desvalorizavam estes animais por não produzirem. Esperamos que as novilhas sejam melhores que as progenitoras para o parâmetro seleccionado (são o futuro da exploração). Têm que produzir leite suficiente para pagar o investimento (3 anos sem produzir) e rentabilizar. O objectivo é antecipar o primeiro parto, logo antecipar a puberdade (possível reduzir para 1-2 anos).
Puberdade: novilhas 6-20 meses, ovelhas 5-12 meses, cabras 5-8 meses.
Antecipação da puberdade
A entrada na puberdade está relacionada com o peso vivo, logo podemos manipular o crescimento do animal. Com niveis de alimentação mais elevados atinge mais precocemente a puberdade, mesmo com pesos mais baixos. O importante é o ritmo de crescimento.
Efeitos da taxa de crescimento: crescimento acelerado
É necessário inseminar mais vezes, há maior dificuldade em ficar gestante e as palhas de sémen têm custos elevados. Maiores problemas produtivos e produzem menos na primeira lactação (20%). Um maior crescimento do animal na pré-puberdade leva a maior crescimento da glândula mamária devido à deposição de gordura (tem menos tecido secretor, produz menos). O desenvolvimento da glândula mamária ocorre na pré-puberdade, se acelerarmos o crescimento na pós-puberdade há menos efeitos negativos. Há um limite para estimular a entrada na puberdade sem alterar muito a produção de leite.
Acelerar o crescimento
- diminui os custos.
- diminui o intervalo entre gerações.
- aumenta a vida produtiva.
- mais rápida avaliação dos progenitores
- diminui a taxa de concepção.
- aumenta os partos distócicos.
- diminui a produção de leite (mas a regeneração da glândula nas seguintes lactações reduz o impacto).
- aumenta o custo da dieta.
Programa de alimentação de novilhas
Antecipar o primeiro parto (2 anos), permitir desenvolvimento da glândula mamária, ganho de 700 g/dia.
Avaliar o crescimento das novilhas
Medir os animais, a altura à garupa permite avaliar o crescimento. Pesar os animais. Estimar a curva de crescimento e comparar com a curva objectivo.
Problemas
Se ganha peso e não cresce é porque a dieta tem baixo teor em proteina.
Tem peso adequado mas não cresceu o suficiente, logo vai parir com um corpo mais pequeno (partos distócicos, devemos usar touros que produzem vitelos mais pequenos), vai ter o tubo digestivo mais pequeno (mais problemas digestivos).
Cria de vitelos, borregos e cabritos
São retirados das progenitoras e alimentados a leite artificial, começando a ingerir alimentos sólidos cedo. O objectivo é optimizar o crescimento e minimizar as patologias (desenvolver o sistema digestivo e imunitário, necessidade em nutrientes e estratégias de alimentação).Sistema Digestivo
Animais jovens têm uma goteira esofágica que permite que o leite passe directamente do esófago para o omaso. No abomaso as enzimas renina e pepsina e o HCl levam à coagulação do leite/colostro e a uma digestão lenta (12-18h). O soro não forma coágulo e passa directamente para o intestino delgado, onde é absorvido ou digerido (permite a absorção de Ig).
Inicialmente a capacidade de digestão de hidratos de carbono (amido) é baixa, só aumentando às 3 semanas (com excepção da lactose).
O desenvolvimento do rúmen depende do tamanho físico influenciado pela dieta (também afecta a proporção rúmen/abomaso e o crescimento após o desmame), alongamento das papilas e espessamento das paredes. É necessário o desenvolvimento da população microbiana por contacto com alimentos sólidos, ambiente e água.
Colostro
O colostro é mais rico que o leite. Os anticorpos do colostro protegem as crias até que o seu sistema imunitário esteja funcional. A qualidade do colostro depende do teor em imunoglobulinas e na presença/ausencia de bactérias (maneio adequado).
A variação na concentração de IgG depende do volume de colostro (dilui IgG), estado imunitário da fêmea, duração do período seco, alimentação no período seco (proteína e energia), idade da fêmea (mais jovens tem pior qualidade), ordenha antes do parto (remove o colostro, diluição), estação do ano (stress, qualidade das forragens) e raça (Jersey é máximo, Holstein é mínimo).
Quantidade de colostro: em vitelos 1,5-2L de colostro não diluído após o nascimento e após 8h, fornecer 10%PV ao nascimento por vários dias. Em borregos e cabritos, 10%PV nas 24h após o nascimento, com 3-4h de intervalo.
Momento de distribuição: a capacidade de absorver IgG diminui rapidamente nas primeiras 24h, quantidade de enzimas produzidas.
Colonização bacteriana do intestino: células intestinais imaturas podem absorver organismos infecciosos.
Armazenamento e manuseamento: após recolha, deve ser fornecido no espaço de uma hora ou refrigerado (24h) ou congelado (períodos longos). Avaliação do manuseamento do colostro: proteínas totais no soro > 5,4 g/dl.
Necessidades em nutrientes
Proteina: uso eficiente de proteínas de origem vegetal no desmame, compostos de azoto não proteico quando o rúmen é funcional.
Energia: incapacidade de digerir completamente amido, alguns açucares (sacarose) e gorduras insaturadas. As principais fontes de energia são derivadas da lactose e gorduras digestíveis. O stress ambiental afecta as necessidades.
Vitaminas: K e complexo B. A, D, E. Não necessitam C.
Minerais
Alimentação líquida: leites de substituição
Em vitelos aos 4-6 dias, com transição gradual. Em borregos alimentados individualmente, nos primeiros 3 -5 dias (3-3h) e a partir daí 2-3x por dia.
Inclusão de aditivos (vitaminas, antibióticos, probióticos, coccidiostáticos). Fornecimento de 10-14%PV ao nascimento, 2x ao dia.
Para cabritos, o leite é semelhante ao de vitelos, mas tem baixo teor em amido e baixa inclusão de fontes proteicas de origem vegetal nas primeiras 2-4 semanas.
Fontes proteicas utilizadas: concentrado e proteína do soro desidratada, leite desnatado desidratado, caseína, soro de leite desidratado, isolado de proteina de soja, proteina de trigo modificada, plasma animal, farinha de soja, proteína do ovo.
Leite inteiro: efeito no consumo de CC e idade ao desmame. Leite recusado (mamítico): leite com antibióticos só em animais de substituição ou que permaneçam na exploração pelo menos 8 semanas após a última ingestão de leite. Não aconselhavel fornecer este leite a futuras vacas leiteiras porque aumenta o risco de mamites no futuro. Colostro fresco: diarreia (diluir), pasteurização. Colostro fermentado: transição gradual.
Alimentação sólida: fornecimento de CC a partir dos 3 dias de idade para estimular o desenvolvimento do rúmen e população microbiana. A forragem estimula a camada muscular e epitélio do rúmen.
Desmame: Vitelos 4-6 semanas de idade, 0,7-0,9 kg de starter por dia. Borregos 15-28 dias, consomem quantidade suficiente de alimento sólido, 10kg de PV. Cabritos 6-10 semanas, consomem quantidade suficiente de alimento sólido, 10kg PV. Inicio de ingestão de feno quanto o consumo de starter já é razoável (diminui o consumo de starter, menor digestibilidade, maior produção de acetato, mais volumoso).
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