Taxa de concepção (IA): 35% a 45%
Da fertilização ao diagnostico (42 dias) dão-se perdas:
- Taxa de concepção em novilhas é superior (75%).
- Aos 42 dias há implantação (40 a 50 dias) e passa de embrião a feto. Antes dos 42 dias é mortalidade embrionária, pode ocorrer reabsorção. Após 42 dias é aborto, o feto já tem estruturas e a sua expulsão é mais difícil. Na vacaria é difícil identificar a vaca. Aos 58 dias é mais fácil ver.
Dias
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Mortalidade Embrionária
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0 | 85 a 95% de fertilização. |
1 - 14 | 30% de perdas, mais nos dias 5 a 8 na fase de morula a blastocisto. |
14 - 18 | 5 a 10% de perdas, ocorre reconhecimento materno de gestação (RMG), embrião produz IFN tau. |
18 - 28 | 5 a 10% de perdas, inicio de desenvolvimento de placentomas. |
28 - 42 | 5 a 10% de perdas, desenvolvimento de placentas, 30% a 50% taxa de concepção à 1ª IA. |
42 - parto | 5 a 12% de perdas (aborto). |
Causa não infecciosa (60 a 70%):
- Patofisiologia da foliculogenese
Nº de ondas de crescimento folicular. Na vaca de 2 ondas o 2º foliculo ovula mas tem menor taxa de concepção (63%). Em 3 ondas, o foliculo é menor (menor tempo de crescimento) e tem maior taxa de concepção (81%), é melhor. 1 a 14 dias.
- Aberrações cromossomicas (até 20% de perdas)
- Programas de ovulação induzida
Foliculos que ovulam têm menor diâmetro e forma corpo amarelo não suficiente à produção de progesterona e manutenção da gestação. - Diminuição da produção de progesteronaAlta produção tem elevado metabolismo da progesterona no fígado. Se tiver um foliculo pequeno a ovular não forma corpo amarelo viável.
- Compostos teratogenicos ambientais, micotoxinas (rações)
- Factores maternaisEndocrinos, relação materno-fetal (interferão τ), idade da fêmea (não tem importância, do ovócito). As vacas de leite têm selecção para produção e não reprodução. Patologias inflamatorias com produção de PGF provocam luteolise.
- HipertermiaAumento da temperatura influencia a qualidade do oocito e embrião. Em temperaturas mais frescas recolhem-se mais oocitos. Elevadas temperaturas têm mais corticos e progesterona, e menos estrogenio. Menor circulação no útero (+ temperatura, - nutrientes, + p. excreção).
- Deficiencias nutricionaisVitamina A e minerais (cobre, zinco, iodo), balanço energetico - qualidade de oocitos, secreção e motilidade do oviducto.
- Excesso de proteinaBUN elevado leva a alterações de maturação do oocito.
- Repeat breederCruzada 3 vezes (ou mais) e não gestante. Vários factores.
Células em estrela (expansão) |
Má qualidade. |
Causas infecciosas (~ 30%)
Acção directa- Virus
- IBR: sémen contaminado, metrite, endometrite, vulvovaginite e balopostite pustular, embriocida após eclosão, nados-mortos, aborto no 3º trimestre.
- BVD: falha de fertilidade, citopatogenico no embrião eclodido (1º trimestre), lesões no ovario, aborto.
- Bacterias
- Campylobacter fetus: venéreo (coito), infertilidade, atraso no regresso a estro.
- Protozoarios
- Trichomonas foetus: venéreo no coito, piometra (pós-IA), morte embrionária
- Toxoplasma gondi: não se tem certeza em embriões.
- Micoplasma
- Infetilidade, endometrite, salpingite, aborto.
Acção indirecta
- Septicemia, toxemia, reacção imune.
Mortalidade embrionaria (ME)
- Maior incidência de precoce (< 18 dias). Como ocorre antes do reconhecimento maternal de gestação, não altera a duração dos ciclos e volta ao cio.
- Tardia, depois do reconhecimento maternal de gestação induz ciclos longos.
- Aborto 30 a 60 dias de 9 a 23%, mais em multiparas.
Aborto infeccioso
- Bacterias são principal causa de aborto infeccioso (48 a 58%).
- Feto é particularmente sensível a agentes pouco patogenicos por incompetência imunológica.
- Oportunistas são os mais comuns (25%), mas são dificeis de isolar e identificar porque provocam aborto esporádico e não apresentam sinais nos adultos. Agentes do ambiente e animal (A. pyogenes, E. coli, Bacillus spp., Streptococcus spp.), normalmente não patogénicos (excepto A. pyogenes).
- Bacterias patogenicas para o animal adulto (Pasteurella, Salmonella, Haemophilus).
Diagnóstico de Aborto
- Dados: incidência actual e histórica, duração do surto, idade gestacional.
- Dados: fetos intactos ou autolise, abortos em vacas ou novilhas, sinais de enfermidade em vacas que abortaram, touro ou IA (Campylobacter), protocolo de vacinação.
- Enviar feto, placenta e soro da mãe (refrigerar). Ou material fresco em formal e refrigeração (pulmão, fígado, rim, placenta, fluido toracico e estomacal).
- Tratar tudo como se fosse zoonose.
Aborto
- No 1º trimestre raramente se envia material porque é dificil identificar. A maioria dos fetos estão no 2º e 3º trimestre.
- Em < 50% é identificado agente, logo é importante recolher informação da vaca.
Listeriose (Listeria monocytogenes)
- Distribuição: água, vegetação, solo, fezes, tecidos de vertebrados e invertebrados.
- Doença da silagem - fonte mais comum é silagem mal curada, há surtos de aborto após abertura de silo (suspeita).
- Predilecção para tecidos fetoplacentais e mais no 3º trimestre de gestação (ultimo). Fetos autolizados.
- Esporadico no ambiente, surto na silagem. 15% dos abortos, mas pode chegar a 50%.
- Sintomas na vaca após aborto: retenção placentaria, endometrite, febre, anorexia, perda de peso.
- Materiais: tecidos do feto abortado, isolamento de bacterias nas fezes de animais sãos.
- Diagnóstico: isolamento, imunocitoquímica. No campo cuidado: esfregaços de fluidos fetais com cocobacilos pleomórgicos gram positivo.
- Zoonose (cuidado nas mulheres gravidas).
- Controlo: silagem e água, eliminar material abortado, tetraciclina (IS, depende do custo/beneficio), vacinação (não há para vacas leiteiras).
Leptospirose
- L. interrogans serovar hardjo type hardoprajitno (U.K.), L. borgpetersenii serovar hardjo type hardjobovis (Pt?).
- Transmissão: urina, leite, material abortado, transplacentária.
- Patogénese e outros sinais clínicos: anemia hemolítica, insuficiência renal e hepática, fotosensibilização, colonização dos túbulos renais (eliminação de grandes quantidades de bactérias pela urina), colonização útero e oviducto (aborto >4 meses).
- Agudo: mastite. Cronico: aborto, nados-mortos, parto prematuro, retenção de membranas fetais, infertilidade, nefrite, autolise do feto.
- Diagnóstico: bacterias na urina após diuretico, exame de fluidos fetais para detecção de espiroquetas moveis, cultura de tecidos fetais, FAT, cultura, PCR, imunohistoquimica. Serologia (ELISA e MAT)?
- Zoonose: sintomas de gripe, meningite, insuficiência renal e hepática, potencialmente fatal.
- Controlo: vacinas monovalentes aos 12 meses (protege contra aborto e infecção, mas não há para vacas de leite e só imuniza um serotipo). Eliminar materiais.
- Tratamento: tetraciclina e tilmicosin (não para vacas de leite), cetiofur (sem IS, 3 a 5 dias), amoxiciclina (2x com intervalo 48h, IS 96h leite, 25 dias carne).
Neosporose (Neospora caninum)
- Aborto dos 3 a 8 meses (com autolise) e paralisia neonatal.
- Prevalencia 28 em geral, 46% em manadas com aborto (Pt).
- Grandes perdas económicas (parasitose com maior impacto).
- Transmissão: ingestão de oocistos, transplacental (maior eficácia, 90%), não transmite pelo sémen. Os bovinos infectam-se por ingestão de oocistos ou transmissão vertical.
- Lesões no feto: cérebro, medula espinal, coração, pulmões, fígado, rins, membranas fetais. SNC: meningoencefalite multifocal não purulenta, com focos de necrose rodeados por células da glia e infiltrado perivascular de mononucleares. Lesões não patognomonicas (confirmar).
- Sinais clínicos: nados mortos, piometra, mumificação, maceração, abortos consecutivos (5%), vacas saudáveis. Vitelos até aos 2 meses com ataxia, diminuição do reflexo patelar, perda de própriocepção, exoftalmia, assimetria ocular.
- Diagnóstico: anticorpos específicos (ELISA, FAT, indica exposição, atribui-se um valor cut-off não consensual ex. 1:640, 1:200, 1:40); teste novo em 9 dias com maceração de tecido cerebral e células tumorais (+ desenvolvimento) e injecção peritoneal em ratinho imunossuprimido, isola-se formas viáveis e diferencia-se do toxoplasma por IFAT; teste universal em 30 dias imunocitoquimica em preparações histológicas (cérebro).
- Tratamento: não há e vacinas não eficientes, testar vitelo pré-colostral para não receber Ac da mãe e ser falso positivo (transmissão vertical), controlo de cães e carnívoros, destruição de material, acompanhamento reprodutivo de vacarias positivas, transferencia embrionária de dadoras positivas (valiosas) para receptoras negativas (mas caro).
Maceração e mumificação fetal
- Causado por morte fetal sem luteolise do CL.
- Mumificação: autolise e reabsorção de fluidos em ambiente uterino estéril, estrutura dura sem líquidos à palpação. Bom prognostico. Tx. PGF 2a para luteolise, abertura do cervix e expulsão em 24 a 72h.
- Maceração: cervix parcialmente aberto, com possível corrimento vulvar fétido (pus), palpação de material pastoso e pedaços de osso. Mau prognostico. Se tem lesão endometrial crónica vai para refugo.
- Diagnostico: palpação, ecografia, especulo + palpação (maceração tem pus).
- Raro: pode nascer um vitelo vivo viável e um mumificado (free-martin).
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