Fisiologia
- Periodo pós-parto até completa involução do útero:
- P. puerperal: do parto ate pituitaria responsiva a GnRH (7 - 14d).
- P. intermediário: aumento da pituitária ao GnRH até ovulação (14 - 20d).
- P. pós-ovulatorio: da ovulação a involução completa.
- O fluido deve desaparecer até aos 18 dias, o útero normal em 5 semanas, as carunculas epitelizadas aos 40 a 50 dias.
Classificação
Endometrite
- Após parto (21 - 26 dias), cópula, IA, infusão uterina de produtos abrasivos para o útero.
- Só endometrio / mucosa.
- Subclinicas sem sinais, mas com falhas reprodutivas.
- Clinicas com corrimento mucopurulento.
Metrite
- Infecção tipica do pós-parto (10 - 21 dias).
- Dilatação uterina e corrimento vulvar purulento fétido.
- Afecta endometrio, miometrio, serosa.
- Grau 1: sem sinais sistémicos.
- Grau 2: pirexia, prostração, diminuição da produção de leite.
- Grau 3: toxemia, inapetência, depressão, colapso.
- Raras (9- 25%). Arcanobacterium pyogenes, Anaerobios Gram - (Fusobacterium necrophorum).
- Puerperal: clostridio, por inércia uterina, sinais sistemicos.
- Pos-parto: sem sinais sistemicos, Fusobacterium, Actinomyces.
- Tratamento:
- PGF2a: luteolise, contracções do miometrio, fagocitose uterina, diminui progesterona (que inibe defesa uterina).
- Estrogenios: estimulam defesa uterina, mas abrem junção utero-tubal.
- GnRH: involução do útero, pode aumentar piometra.
- AB intra-uterinos: oxitetraciclina. Ceftiofur sistemico.
Piometra
- Acumulação de exsudado purulento no interior do útero, por persistência do corpo amarelo. Sem descarga vaginal. Por fluido/infecção na ovulação (posparto) ou Trichomoniase.
- Durante o parto o útero é contaminado, por manipulação, dilatação do cervix e membranas fetais em contacto com o exterior. Há descontaminação que deve ocorrer antes da ovulação. Se tiver 1ª ovulação antes de eliminar a contaminação, o cervix fecha e não tem corrimento. A progesterona suprime mecanismos de defesa, como as contracções. A presença do corpo amarelo causa anestro. Tem sinais sistémicos.
- DD: gestação.
- Tratamento: Estrogenios, PGF2a, infusão intrauterina
Factores
- Retenção placentaria
- Distocia - manobra obstetrica, lesão uterina.
- Interveções obstétricas
- Salas de parto sem condições sanitárias
- Partos gemelares - maior distocia.
- Excessiva ou deficiente condição corporal - maior distocia.
- Nº elevado de animais na manada - contaminação.
- Aptidão produtiva (carne vs leite, ambiente no parto)
Sinais clínicos
- Primeira 2 semanas é normal ter exsudados intra-uterinos.
- Patologico é exsudados uterinos após 21 dias ou exsudados fétidos, sero-sanguinolentos (toxémia, septicemia) ou purulentos.
Toxemia e Septicemia (metrite grau 2 e 3)
- Diminuição da produção de leite
- Decubito
- Depressão
- Febre
- Anorexia
- Laminite
Subclinicas / Crónicas
- Utero pouco distendido na palpação.
- Baixa taxa de concepção
- Aumenta nº IA / prenhez
- Aumenta intervalo parto / 1ª IA
- Aumenta intervalo parto / prenhez
Diagnostico
- Exame físico
- Palpação rectal
- Pouco utilizado, pouco útil (útero a involuir é difícil concluir, cervix).
- Inadequado para infecções nos primeiros 15 dias.
- Detecta volume, ausência de linhas de invocação, aderências, fluidos (> 18 dias).
- Cervix > 7,5 cm e corrimento purulento vulvar (20 - 26 dias).
- Exame vaginal (vaginoscopia, endoscopia, manual)
- Endometrites subclinicas e cronicas.
- Avaliar resultados de tratamentos.
- Desinfectar entre vacas (contaminação).
- Ecografia
- Conteudo mais/menos ecogénico e parede espessada.
- Culturas bacterianas
- Cara, só em vacarias com elevada incidência de metrites ou renitentes ao tratamento.
- Biopsia do endometrio - contraindicado em vacas.
Tratamento
- Controverso.
Intrauterino
- É o mais utilizado, mas não aumenta fertilidade e é contra-indicado.
- Utero é anaeróbio, alguns AB não funcionam.
- Efeito na actividade dos neutrofilos, pode piorar a defesa.
- Oxitetraciclina tem pH baixo e pode provocar endometrite química.
- Bacterias do útero produzem penicilase (penicilina antes vs depois dos 30 dias).
- Antissepticos intra-uterinos podem ser irritantes, causar lesões (fibrose) e inibir defesa.
Hormonal
- Questionáveis. Ajudam a libertar conteudos purulentos do utero.
- PGF 2a
- Metrite inibe produção de prostoglandina no enometria.
- Prostoglandina destroi CL persistente (sem CL resultados dubios).
- Cio estimula limpeza mecanica e sistema imunologico do utero.
- Piometra: eliminação de pus em 3 a 9 dias (> 85%), recuperação das lesões em 30 dias.
- Estrogénios
- Não há indicação que sejam benéficos. Restritos na UE.
- Pode induzir salpingites por movimento peristaltico invertido.
- Estradiol 17B exógeno diminui actividade do neutrofilos (como no cio).
- Ocitocina
- Doses baixas e repetidas (cada 3 horas - não é pratico) mante ritmo de contracções uterinas.
- Estimula produção de leucotrieno B4, que estimula diapedese de PMN.
- Funciona 48 a 72 horas pós parto, quando há receptores no utero.
Terapia Sistemico e de Suporte
- Fluidoterapida (metrite septica), AINE's (febre, toxemia, anorexia).
- Penicilina, amplicilina, cefalosporinas - IS, custo/beneficio.
- Oxitetraciclina sistémica não tem concentração intra-uterina inibitória de Actinomyces pyogenes.
- Cefalosporinas 3G para vacas de alta produção (0 IS). Penicilina para vacas a não produzir (IS mas barato).
Protocolo de detecção e tratamento precoce
- O produtor deve avaliar a temperatura das vacas na primeira semana pós-parto (a maioria das vacas com problemas desenvolve pirexia nessa semana) E > 39,7ºC fazer exame clinico.
- Sinais de doença: AI, fluidoterapia, AB sistemico.
- Normal: AI, fluidoterapia.
- 41% das tratadas com AB não têm infecção.
- Stress térmico - têm pirexia mas não têm infecção.
- Resistencia a AB. Medicação excessiva das vacas.
- Sinais clínicos de patologia.
- Na retenções placentarias pós-parto, o tratamento com cetiofur diminui em 70% a incidência de infecções uterinas.
Retenção Placentaria
- Primaria: falta de separação do cotilédone da caruncula por insufiencia proteolise (colagenase).
- Secundária: incapacidade de expelir a placenta depois de separada por atonia uterina. Pode originar infecções.
Retenção > 12h
- Eficiencia reprodutiva.
- Produção de leite.
- Enfermidades pós-parto.
- Taxa de eliminação de vacas.
- A partir do 4º parto, > 6 horas já diminui eficiencia reprodutiva.
Perdas economicas
- 40% diminuição de leite
- 32% aumento de custo com veterinário
- 19% aumento de refugo
- 9% aumento de intervalo entre partos
Fisiopatologia
- Placenta retida está viva, usa O2, glucose e celulas não coram por corantes vitais > 3 dias. Mantida a 0,5º é metabolicamente activa por 8 semanas.
- A placenta retida tem isquemia, anexai, acção bacteriana e liberta substancia que causam inflamação, lesão tecidular e predispõem a metrite.
- PGE2 - imunossupressão.
- Histaminas e prostoglandinas: maior permeabilidade vascular - mais toxemia e septicemia.
- Aumenta proteolise.
- Heparina (mastocitos) - lesões endometriais.
- Diminuição da mobilidade leucocitaria.
- Tracção mecânica - involução atrasada.
Efeitos
- 60% diminui apetite.
- Involução uterina mais 11 dias.
- Diminui imunidade uterina.
- Diminui produção de leite 0 a 20%.
- Aumenta bacterias uterinas (mais metrite).
- Incidencia 4 - 11%, + no verão. Mortalidade 1 a 4%. Morbilidade 2 a 55%.
Tratamento
- Padrão de expulsão bimodal / passagem de retenção 1ª a 2ª
- 3 dias: proteolise dos cotiledones (bacteriana)
- 7 dias: necrose das carunculas.
- Remoção manual
- 62% podem ser removidas, 27% parcialmente removidas, 11% não separam.
- Aumenta incidencia e severidade de metrites.
- Aumenta intervalo entre partos - 1º CL em 20 dias.
- Só remover se souber que é 2ª. Pode-se cortar a para diminuir a contaminação.
- Hormonas
- Relaxina pode diminuir incidência de retenção quando se induz parto com dexametasona.
- PGF 2a tem resultados inconsistentes.
- Ocitocina: contrai o útero, aumenta fagocitose uterina, mas o problema é a separação caruncula/cotiledone. Na 1ª tem mobilidade aumentada (não usar). Estimula Lk4.
- Estrogenios: nenhum beneficio comprovado. Contracções inversas.
- Antibioticos
- Intrauterinos e sistémicos não diminuem tempo de retenção.
- Até podem atrasar expulsão por inibir proteolise e necrose (putrefacção). A tetraciclina pode inibir colagenase bacteriana.
- Extremos de pH (1.8 a 8.5) podem provocar metrites quimicas.
- Sistemicos úteis para tratar complicações clinicas (ex. metrites).
- Oxitetraciclina injectada na arteria uterina caudal em baixas concentrações (?).
- Colagenase
- Cateterização de uma das artérias umbilicais. Infusão de 1L de 200.000 ui de colagenase, 40 mg Ca, 40 mg bicarbonato de sódio. Aplicar entre 12 e 36h pós-parto. Sem efeitos laterais. Funciona em 94%.
- Possivel extrair manuamente placenta em 36h após tratamento (85%).
- Diminui retenção placentaria após cesariana.
- Caro.
- Conclusão
- O único tratamento que há evidencia de ser benéfico é a colagenase, mas é caro.
- Retenção > 24h fazer tratamento sistémico (mesmo sem sinais, grande probabilidade de desenvolver pirexia). Cortar a parte exteriorizada da placenta e manter em observação, tratar se tiver sinais ou pirexia.
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