Patologias do Útero
Metrite
- Infecção do utero (endometrio + miometrio), frequente no pós-parto (0 a 7 dias).
- Factores: partos longos, distócias, fetos / placentas retidos.
- Sinais: corrimento purulento / sanguinopurulento e fétido, depressão, anorexia, febre, vomitos, pode negligenciar os cachorros.
- Diagnóstico: citologia vaginal / cultura e antibiograma (mas Tx imediato empirico), raio X, ecografia.
- Tratamento: médico (1º estabilizar - fluidoterapia, 2º AB largo espectro - ampicilina, trimetoprim, oxacilina, 3º PGF2a - limpar o útero), cirúrgico (OHT). Um reconhecimento precoce permite melhores resultados. Deve alimentar-se os cachorros com leite de substituição para evitar passar farmacos.
- Prognóstico: bom, e se recuperar totalmente deve ter fertilidade normal.
Subinvolução dos locais de plantação (SILP/SIPS)
- Há descargas normais nas 4 a 6 semanas pós-parto. O útero regressa ao tamanho normal às 9 semanas e a involução uterina completa-se às 12 semanas.
- Na subinvolução, a hemorragia pós-parto mantem-se 8 a 16 semanas pós-parto devido a uma falha na trombose e oclusão dos vasos uterinos, causada pelo dano de células tipo tropoblasto persistentes. Estas células não degeneram e invadem o endometrio e miometrio causando hemorragia. Recuperação anormal das zonas de implantação do endometrio.
- Maior incidência em cadelas com menos de 3 anos
- Historia: parto normal, hemorragia pós-parto persiste várias semanas ou mesmo até cio subsequente. Corrimento serosanguinolento / hemorrágico persistente ou intermitente. Bom estado geral da cadela e cachorros.
- Diagnóstico: corrimento hemorragico persistente, histologia de biopsia uterina, na citologia há celulas vacuoladas multicentricas.
- DD: metrite, vaginite, cistite, trauma, neoplasia vaginal, POE, coagulopatia.
- Tratamento: maioria das vezes resolve espontaneamente, pode administiar-se ergonomia maleato ou prostaglandinas, OHT se hemorragia severa. Recidivas pouco frequentes.
Complexo hiperplasia endometrial quistica e piometra
Piometra | Metrite | |
---|---|---|
Patologia Uterina Previa | Hiperplasia endometrial quistica | Nenhuma |
Infecção | Secundária | Primária |
Fase do Ciclo | Diestro / anestro | Pós-parto |
Hiperplasia endometrial quistica (HQE)
- Por exposição repetida à progesterona (reverte se removida).
- Glandulas quisticas e variam em tamanho.
- Não inflamatório, fluido esteril (mucometra, hidrometra).
- Aumenta receptores de progesterona e estrogenio.
- Pode diminuir a fertilidade.
- Factores: irritação mecânica, biopsia, cicatriz, sutura em seda, bactérias.
- Hiperplasia do endometrio pseudo-placentacional: ocorre na fase luteal. O endometria responde ao estimulo com remodelação proliferativa - histologia de sítios placentacionais de gestação.
Piometra
- Infecção uterina que se sobrepõe a HQE.
- Etiologia complexa: hormonas, infecção, imune.
- Patogenese: HQE sem sinais, pro-estro e estro de cervix aberto e passagem de bactérias para o útero, colonização rápida do enometria hiperplasico, diestro fecha o cerviz e útero sob influencia de progesterona, acumulação de fluido intra-uterino com crescimento bacteriano, piometra.
- Factores:
- >6 anos com múltipla exposição a progesterona.
- Tratamento com estrogenio / progestagenio exógeno. Estrogenio aumenta o efeito estimulante da progesterona ao induzir produção de receptores no útero. Administração no diestro aumenta piometra.
- Diestro ou anestro, com sinais a 8 semanas após estro (1 sem a 4 m).
- Sem predisposição racial.
Cervix aberto | Cervix fechado | |
---|---|---|
Corrimento vulvar purulento | Sim | Não |
Distensão abdominal | Geralmente não, se presente moderada | Sim |
Febre / depressão / anorexia | Por vezes, moderada | Geralmente presente, severa |
Vómito / diarreia / poliuria-polidipsia | Por vezes | Geralmente presente, severa |
Leucocitos | Normais a elevados. | Elevados com desvio à esquerda |
- Bacterias: E.coli é primaria, entre os 11 e 30 dias após LH, liberta endotoxinas (lipossacarideos de Gram -) que provocam sinais sistémicos, estimula síntese de PGE2a que contribui para supressão da imunidade no diestro (pode ser indicador de piometra ou distinguir de HQE). Outras: streptococcus, klebsiella, staphylococcus aureus, pasteurela, proteus, pseudomonas.
- Sindrome de resposta inflamatória sistémica: produção descontrolada de mediadores inflamatórios (TNF, IL1 e IL6, factor activador de plaquetas), pode originar choque septico e morte.
- Poliuria e polidipsia: multifactorial, lesões tubulares e inibição da reabsorção de Na e Cl na ansa de Henle, maior sensibilidade a ADH - reversivel, devido a endotoxinas.
- Diagnóstico: historia, sinais, leucócitose > 30.000 com desvio à esquerda, urina isostenurica (não fazer cistocenteses), ecografia e radiografia (útero com liquido), cultura e histologia.
- Tratamento:
- OHT
- Tratamento de escolha em não-reprodutoras.
- Antibioticos sistemicos por 2 semanas.
- Pode tratar-se infecção mas HQE é irreversivel e predispõe a piometra (recidiva).
- Não se faz: reprodutora, cervix aberto, sem doença sistémica secundária.
- Só AB não é efectivo.
- AB + PGF2a / cloprostenol
- Descargas ao 3º dia em piometra de cervix fechado, no entanto pode causar rupturas.
- Prostoglandina permite relaxar o cervix. Iniciar PGF2s com baixa dose e aumentar, os efeitos laterais diminuem com o tratamento.
- Reavaliar em 2 semanas. Se houver sinais repetir.
- AB + Aglepristona (antagonista da progesterona)
- AB largo espectro, boa difusão no pus, 4 semanas, até resultado da sensibilidade.
- Dosear progesterona.
- Aglepristona dia 0, 1 e 6 (0, 2, 5 e 8).
- Seguir evolução do tamanho do útero (ecografia, raio x, palpação).
- 12 a 24h após inicio do tratamento: aumenta corrimento, melhora atitude e apetite. A descarga cessa em 4 a 7 dias. Leucocitos normais em 6 a 15 dias.
- No cio subsequente: cultura da vagina anterior e AB para evitar recorrência, deve ser correcta, quando acabar reprodução OHT.
- Prognóstico:
- Prognóstico de sobrevivência bom 84%.
- Recorrencia ao tratamento médico de 10 a 77%.
- 40 a 60% reproduzidos pelo menos 1 vez com sucesso.
- Recorrencia após prenhez.
- Microrganismo na primeira e recorrentes é, na maioria dos casos, o mesmo.
Infertilidade
- Mais de 2 cios com cruza e não ficou gestante.
Infertilidade não infecciosa
- 40 a 80% a infertilidade é aparente. Deve investigar-se o maneio e infertilidade do macho.
Causas físicas
- Estreitura vagina: anel na junção vagino-vestibular causa dor o que leva a fêmea a rejeitar o macho. Diagnóstico por palpação ou vaginoscopia. Tratamento por IA, pode levar a distocia.
- Hiperplasia ou edema vaginal: jovens de raças grandes no estro, por reacção excessiva aos estrogenios faz grande edema. Tratamento regressão espontânea, OHT, amputação (se recorrente), IA.
- Septo vaginal: das bandas dorsoventrais da vagina, causa distocia e problemas reprodutivos, pode ter vaginite ou discarga, fiagnostico por vaginoscopia e endoscopio. Tratamento por remoção cirurgica.
- Anomalias no cervix: difícil diagnóstico, podem resultar em fluído no útero.
- Oclusão das trompas uterinas: difícil diagnóstico (histerosalpingografia ou laparotomia), não há tratamento.
- Neoplasia: tumores venereos (citologia com nucleos proeminentes e figuras mitoticas, descarga vaginal), carcinomas transicionais da bexiga, leiomiomas.
- Quistos endometriais: hiperplasia endometrial quistica.
- OHT
Anomalias no ciclo éstrico
- Não cicla, sem nunca ter tido cio:
- Puberdade atrasada: > 24 meses, raro.
- Anomalias cromossomicas: XXY, XO, XX/XY (ver cariotipo).
- Sex reversed: sexo genotipico e fenotipico discordante, doença hereditaria autossomica recessiva de cocker spaniels.
- Aplasia ovárica: pode ser necessario laparotomia para diagnóstico.
- Problemas endocrinos (hipotiroidismo): se tratadas voltam a ciclar (4 a 6 semanas no hipotiroidismo), estudos discordantes mas parecem indicar que têm fertilidade normal, mas prolongam o parto, causam maior mortalidade neonatal e baixo peso dos cachorros.
- Não tentar induzir cio sem saber causa de anestro. Pode fazer-se citologia semanal.
- Não cicla após 1 ou mais cios
- Idosa: cães idosos têm interestros maiores, a partir dos 8 a 10 anos podem parar de ciciar.
- Quistos luteinicos (9 em cada 400): secretam progesterona mas não sofrem luteolise. Diagnóstico por ecografia, laparotomia e histologia. Tratamento por GnRH ou ovariesterectomia unilateral.
- Cios silenciosos: com pseudogestação, greyhounds.
- Problemas endocrinos (hipotiroidismo)
- Indução de Estro
- Recuperação endometria obrigatória
- Gonadotrofinas
- Analogos da GnRH
- Estrogenios
- Antagonistas da Dopamina
- Analogos das prostaglandinas
- Estro prolongado
- > 10 dias causa baixa fertilidade porque os oocitos são velhos, os foliculos anovulatorio ou quisticos.
- Quistos foliculares: quistos produtores de estrogenios prolonga estro. Trata-se com GnRH ou hCG.
- Tumores ováricos: cães velhos nuliparos, tumores da granulosa, cistadenoma, fibroma.
- Doenças hepáticas: metabolização de esteroides.
- "Split heats" (cios interrompidos): não associados com infertilidade, normal em jovens.
- Intervalo Interestro (anestro) curto:
- Necessita de 150 dias de interestro (90 de anestro) para recuperação do endometrio. Tempos inferiores causam infertilidade. Tambem pode ser falta de período luteal. Deve excluir-se split heats. Tratamento com mibolerona (baixa fertilidade), acetato de menestrel (maior fertilidade). Por quistos foliculares, patologia uterina, ciclo anovulatorio, hipoluteidismo, raça, idiopatica.
- Outras: consanguinidade (diminui fertilidade e fecundidade, aumenta morte neonatal), infertilidade do macho, inibidor de esperma no muco.
- Insuficiencia Luteal / Hipoluteidismo
- Falta de secreção de progesterona pelo corpo luteo. A baixa progesterona (< 2 ng/ml) por mais de 24h induz aborto (prostoglandinas).
- Suplementação exógena de 5 ng/ml (3 mg/kg IM). Progesterona oral para toma em casa.
- Pode causar menor lactação nos primeiros dias pós-parto. A administração 2 dias antes do parto pode causar nados-mortos ou descontinuação muito cedo pode causar parto prematuro - importante determinar data de parto. Alguns podem provocar masculinizarão de fetos fêmea (empírico).
- Descartar infeciosas, HQE, defeitos congenitos letais.
- Interestro < 5 meses e infertilidade.
- Testar progesterona e ecografia 1x por semana a partir do 20 a 24 dias de gestação / ovulação.
- P4 < 2 - 10 ng/ml sem viabilidade fetal / alterações uterinas: outras causas.
- P4 < 2 - 10 ng/ml, viabilidade fetal, sem alterações uterinas: suplementação com P4.
- 27% no pastor alemão.
Infertilidade Infecciosa
- Muitos agentes suspeitos
Bacterias
- Brucella canis: única que causa sem duvida infertilidade, linfadenopatia (estimulação das células reticuloendoteliais) com hepato e esplenomegalia, perda de peso, má pelagem, discospondilite, endoftalmia, uveite. Aborto aos 30 a 50 dias de cachorros parcialmente autopsiados, vivos ou nados-mortos. Pode perder 2 a 3 ninhadas sucedidas e parecer infertil (pode haver reabsorção fetal). No macho há infertilidade e inflamação. Transmissão venera e oral. Recuperação 1 a 3 anos após infecção. Não há tratamento, pode ser controlado por castração.
- Campylobacter jejuni, Salmonella, Listeria.
- Micoplasma, Ureoplasma: cultura de cães normais, por vezes associado a infertilidade, aborto, morte embrionaria, nados-mortos e cachorros fracos. Vaginite, balonopostite. Dignostico por cultura. tratamento dAB, infusão vaginal, limpeza da área-
- E. coli
Virus
- Herpes Vírus (HVC)
- Abortos, nados mortos, mortalidade neonatal.
- 35 a 37º permite maior reprodução viral.
- Viremia nos cachorros é fatal, podem estar assintomaticos devido aos anticorpos do colostro.
- Transmissão vertical e horizontal (durante o parto).
- Maior susceptibilidade nas 3 semanas pré-parto e 3 semanas pós-parto.
- Isolar fêmeas gestantes.
- Virus latente - portadores.
- Vacina: no 1º no cio ou 7 a 10 dias pós cruza, 2º 1 a 2 semanas pré-parto.
- Diagnostico: cultura de fetos abortados, placenta e descarga vaginal.
- Vesiculas vaginais são comuns.
Vaginite
- Sinais: corrimento vulvar, irritação da mucosa, lamber, atracção de machos.
- Causa: anomalias anatomicas, incontinentes, infecções urinárias, CE, idiopatica.
- Vaginite pré-puberal: raças braquicefalicas, resolve-se no primeiro cio, colonização da vagina com bactérias que causam inflamação transiente até o desenvolvimento de factores protectores não específicos.
- DD: anomalias do tracto reprodutivo, piometra, locos pos-parto, descargas normais de estro, hipertrofia clitoral, pioderma.
- Culturas vaginais
- Zaragatoa com bainha para não contaminar. Resultados dependem da fase do ciclo: ,ais bactérias no pós-parto e estro.
- Cadelas normais com 60% crescimentos na cultura vaginal profunda e 90% em vaginal caudal. Dificil diagnóstico.
- Crescimento de colónias únicas com disfunção, no entanto culturas puras de Pasteurella foi isolada de cães normais. Bactérias oportunistas (ex. Pasteurela) isoladas são suspeitas.
- Muitos organismos, como o micoplasma, são isolados de animais férteis.
- Se não tratada é de difícil resolução e pode originar endometrite.
- Se usado como pre cobrição é critico.
- Tratamento com antibiótico (ampicilina, trimetoprim-sulfa) por 10 dias e recolonização da flora em 0 a 7 dias.
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