Introdução
Produção Animal - conjunto de práticas zootécnicas aplicadas à exploração óptima, em termos económicos, dos animais e dos seus produtos no sentido de proporcionar ao homem, não só alimento, mas também abrigo, comodidade, defesa, companhia, estética e progresso.
Produção animal como sistema equilibrado de produção de alimentos: pode ter outras vantagens a nivel ecológico.
Ingestão Voluntária
Quantidade de alimento ingerida por um animal em determinado intervalo de tempo, durante o qual o animal tem livre acesso ao alimento. Pode ter vantagens, como aumentar a produção e eficiência, e desvantagens, como levar à acumulação de gordura.
Ingestão Potencial (IP): quantidade de alimento necessária para cobrir todas as necessidades em nutrientes de um animal durante determinado intervalo de tempo. IV ≤ IP
Factores de Regulação da Ingestão
Procura, reconhecimento, deslocamento, sensoriais, preensão, ingestão.
Influênciam a ingestão a curto prazo. Animais maduros tendem a manter o peso vivo constante a longo prazo.
Mecanismos de Regulação
- Nível metabólico - concentração de metabolitos que enviam informação ao sistema nervoso.
- Sistema digestivo - quantidade de digesta que regula o que vai ingerir, capacidade física.
- Influências externas - temperatura, facilidade de apreensão, disponibilidade de alimento.
- Ingestão por calorias - os animais tentam manter constante o valor calórico ingerido.
A - Não conseguem ingerir mais alimento (limite da capacidade física do aparelho digestivo).
B- quantidade minima que os animais ingerem para saciar a fome.
Regulação em Monogástricos
- Controlo no Sistema Nervoso Central
- Teorias quimostáticas/ glucostática - concentração de substâncias no organismo leva à regulação. Ex. Concentração sanguinea de glicose: existem receptores em vários locais do organismo, colecistoquinina que actua no hipotalamo. Nas aves não é importante a concentração sanguínea de glicose, os receptores estão no papo.
- Teoria termoestática - ingerem com o objectivo de manter a temperatura corporal constante.
- Teoria lipostática - animais adultos tendem a manter o seu peso corporal. O tecido adiposo branco produz leptina que actua no hipotálamo, regulando a ingestão. Regulação a longo prazo.
- Aspectos sensoriais - palatabilidade, aromas em alimentos compostos para estimular a ingestão voluntária em vitelos.
Lactação
- Aumenta as necessidades
- Na gestação há menos espaço para os orgãos digestivos - diminui a capacidade de ingestão.
- As fêmeas gordas no parto produzem muita leptina, que reduz a ingestão voluntária (as fêmeas não devem estar gordas nem magras).
Estrume
- melhora a estrutura do solo
- aumenta a retenção de água
- nutrientes menos possíveis de ser lixivíados
- vs. Adubos quimicos - gastam energia ao ser produzidos (aumenta a libertação de CO2)
Produção animal como um sistema integrado de produção de alimento
- sustentável
- respeito pelos animais e pelo ambiente
- actividade económica vantajosa
- saúde
Factores que afectam a produção animal
(de forma integrada: sistemas de produção; sistema - conjunto de práticas/objectos que interagem)Temperatura
Os animais são homeotermicos, ou seja, pode influênciar a eficiência de transformação do alimento. Fora da neutralidade termica, o animal gasta energia para regular a temperatura corporal. Na produção intensiva devemos escolher aclimatizar o ambiente ou aumentar o alimento fornecido de acordo com o que fica mais barato. Na produção extensiva devemos escolher o animal mais adaptado às condições.
Humidade do ar
Associado à temperatura. Quando a humidade relativa é muito elevada dificulta perdas de calor por respiração.
Fotoperiodo
Nas aves, a ovulação e ovoposição é influenciada por este factor. Nos pequenos ruminantes, há raças de ciclo éstrico continuo e sazonal, influênciado por este factor (depende se queremos os partos num periodo de tempo ou distribuidos ao longo do ano).
Disponibilidade de Alimento
Sistema de uso exclusivamente de pastoreio. Sistema de alimentos concentrados (disponibilidade tem menos impacto).
- Outono: a chuva leva a um aumento da quantidade de erva fresca.
- Inverno: temperaturas baixas, a erva não cresce.
- Primavera: aumento do fotoperiodo, temperatura e água.
- Verão: há escassez de água.
- Os animais têm o parto na primavera porque há mais alimento, o que assegura a produção de leite e a alimentação das crias.
- Desvantagem: gasta-se energia ao fazer a rega.
- Vantagem: produção de maiores quantidades de alimento e durante mais tempo.
Disponibilidade de água
Necessário para a produção de alimento e abeberagem dos animais. Se a disponibilidade for baixa, os animais têm que procurar, aumentando a sua necessidade energética e causando um periodo de tempo em que não estão a comer.
A qualidade da água é especialmente importante nas explorações intensivas. Deve se considerar a microbiologia e a química: pode ser foco de infecções. Se houver excesso de nitratos, o Fe2+ passa a Fe3+, levando a que a hemoglobina deixe de fixar oxigénio; por outro lado reduz a imunidade dos animais.
Ingestão voluntária em ruminantes
- Teoria quimióstática
- Acetato, Propionato
- Butirato
- Capacidade Física.
- Caracteristicas dos alimentos: moenda, deficiencias nutricionais, palatabilidade.
- Ingestão voluntária relacionada com o metabolismo de jejum que por sua vez se relaciona com o PV metabólico;
- Limitação lipostática determinada pela secreção de leptina; (depósitos de gordura – volume do rúmen)
- Animais magros (e.g., crescimento compensatório), animais gestantes (necessidades vs espaço cavidade abdominal), animais em lactação.
- Factores ambientais e doenças
- Animais ruminantes em pastoreio: composição quimica, digestibilidade, estrutura física, distribuição e selecção do ambiente.
- Ingestão voluntária diária: vacas leiteiras de 28 a 32g/kg PV, bovinos de carne 22g/kg PV.
Hereditariedade
Adaptar o genótipo às condições de produção.ex. Ruminantes para função leite em regime extensivo favorece-se uma prolificidade (número de crias por parto) baixa, perto de 1. Ao ter duas crias, os animais dividem os recursos e crescem menos, logo leva mais tempo a fazer o desmame e a recolher o leite da progenitora.
Frangos triplicaram o ganho de peso vivo: o indice de conversão do alimento diminuiu, as condições e a nutrição melhoraram.
Factores Humanos
- Ponto de vista social;
Ex. Consumo de carnes com pouca gordura. - Sistema de produção e habitos de consumo;
Ex. No norte de Portugal consomem-se animais jovens, explora-se a função leite. No sul de Portugal consomem-se animais mais velhos - explora-se função carne. - Periodos festivos e programação da produção (aumento da disponibilidade na altura de grande consumo);
Ex. Consumo do frango aumenta aos fim-de-semanas. Animais caracteristicos consumidos em periodos festivos.
Factores Económicos
- Preço das matérias-primas;
Ex. Aumento do preço da materia-prima e baixa do preço do leite leva a um custo de produção elevado.
Se o bgaço de soja aumenta, os substitutos proteicos também aumentam.
Se os preços continuarem a subir deixa de ser sustentável - é necessário repensar a produção.
- Importação de materias-primas e dependencia do mercado;
- Variação rápida (pouco tempo para adaptação);
- Investimento com amortização só várias décadas depois,
- Disponibilidade de crédito;
Ex. Não há investimento. O investimento tem que ser rentável: numa vacaria o robot de ordenha permite menos mão-de-obra e melhorar a qualidade de vida.
Facilidade de Mercado
- Mercado alvo;
- Adaptar-se às condições;
- Gosto dos consumidores;
Ex. Consumo de queijo de cabra com sabor intenso no centro de Portugal, não aceite pelo Norte - criação de um queijo de cabra de sabor menos intenso para estes consumidores. - Nichos de mercado para produtos mais caros, com preço de produção mais elevado, principalmente raças autoctones.
- Consumidores com algum poder de compra deixaram de comer fora e passaram a comer em casa produtos de maior qualidade.
- Marketing;
- Orientação em direcção a raças mais produtivas;
Ex. Utilização de hibridos comerciais com elevada produtividade. Reinventar raças autóctones para produção de qualidade.
Posse de Terra
- Um dos maiores problemas estruturais no sector agrário;
- Dispersão da propriedade;
Ex. No norte há muitas parcelas devido às partilhas, o que faz aumentar os custos devido aos transportes, máquinas, etc. Nas Asturias constatou-se que ao reduzir as parcelas aumentaram o lucro 10 a 14%. A população é resistente ao emparcelamento e a restruturação é trabalhosa. - Abandono de terras;
- Agricultura de comunidade (terrenos e trabalho partilhado);
Subsidios
- Distorceram os mercados e levaram a erros;
Ex. Subsidios para reduzir a produção levaram ao abandono de campos. Subsidio para o girassol - não é rentável, não colhiam e não investiam. - Impede uma adaptação à realidade;
- Formação profissional;
Ex. Falta de escolas profissionais para formação a nivel intermédio.
0 comentários:
Enviar um comentário